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Aloha, chá! | Digerindo conteúdos do bem

  • Foto do escritor: Karla Esteves
    Karla Esteves
  • 4 de ago. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 14 de dez. de 2019


Ilustração: @monscribbles

Te convido a sentar naquele seu cantinho preferido da casa, regado de muita coberta, pois para quem como eu está passando pelo friozinho de SP, é algo que não se pode ignorar! Junto com o calor do cobertor, o chá que recomendo para dar aquela aquecida na alma é um chá de erva-doce, já que o tema de hoje pede algo bom pra digestão =)


Vou escrever sobre algo que me fez repensar muito durante o mês de julho, um mês que mais pareceu uma passagem só de ida na montanha russa mais louca do mundo do que férias numa ilha paradisíaca. Já fazem uns dois anos que virei uma hiper consumista de conteúdos sobre autoconhecimento. Foi algo que realmente mudou minha vida pra melhor naquela época, me fazendo ver e rever toda a minha trajetória com outros olhos. Aprendi a gostar dos meus erros, até porque sem eles eu nunca teria chegado a lugar algum; aprendi que gostar de ficar sozinha não é a mesma coisa que solidão; aprendi a dizer não sem me sentir culpada; aprendi que cada pessoa tem seu ritmo; aprendi que ter planos e querer mudá-los ao longo do caminho é completamente normal; aprendi a acolher meu passado e minhas dores; aprendi que não posso ajudar na cura de ninguém sem antes me curar; aprendi que o desapego dói, mas também fortalece ainda mais a confiança entre duas pessoas; aprendi que não existe fase certa para nada, e sim ser verdadeiro com o que você sente e quer fazer; aprendi que quem julga fala mais sobre si do que sobre o outro; aprendi que largar o emprego que não gosta pra tentar se achar se torna mais fácil quando se tem pessoas que te amam te apoiando; aprendi a dar mais valor a natureza e toda sua perfeição sem fim; aprendi a rir dos meus erros mais bobos ao invés de me sentir idiota; aprendi a parar de fugir de confrontos, até porque cedo ou tarde ele acaba te encontrando rs; aprendi a dar tempo para os meus sentimentos e me permitir sentir o que eu estou sentindo sem me cobrar - se estou triste, vou viver aquela tristeza intensamente ao invés de mandá-la embora; aprendi que posso perdoar uma pessoa e não querer ela na minha vida, e isso não me torna uma má pessoa; aprendi a estar mais presente comigo mesma, tendo gratidão pelo meu passado e não colocando tanto foco no meu futuro; aprendi que dizer eu te amo pode vir de várias formas e gestos e não só com palavras; aprendi que intuição é algo poderoso e que pode mudar o modo de você fazer as suas escolhas na vida; aprendi que a opinião de quem você ama é importante, mas seguir seu coração é ainda mais.


Foram tantos aprendizados e mesmo assim me vejo de vez em quando aprendendo algo novo e refletindo sobre algo que não tinha percebido ainda. Mas isso só acontece quando eu me dou um tempo sozinha. Nesses momentos me torno a minha parte mais vulnerável. Aquela que fica escondida debaixo de várias camadas, mas que quando eu mergulho e olho com carinho pra cada uma delas, me conecto da forma mais gentil e pura possível. Isso é algo que ninguém nunca vai poder fazer por você. A partir do momento que você entende o que vem mudando dentro de você, você consegue se conectar com a sua essência.


Ou seja, aprendi muitas coisas, e sou grata por todas elas. No final tudo me levou a ser uma pessoa mais confiante, uma parte que faltava em mim - e que vou sempre continuar trabalhando. Porque como todos os outros sentimentos, a confiança não é contínua. É algo que precisa sempre ser trabalhada. Porém, percebi algo nesse último mês que me deixou meio alerta. Eu me vi caindo numa armadilha e senti na pele a FOMO(fear of missing out) dos conteúdos do bem. Não sei se isso existe, mas foi assim que me senti.


Sim, eu já tinha feito há um bom tempo uma limpeza no meu instagram de perfis que não tinham mais a ver comigo e meu modo de viver a vida. Eu basicamente sigo amigos, familiares, ativistas, perfis com conteúdos do bem, textos inspiradores e frases motivacionais. Só que eu me vi caindo numa teia em câmera lenta, porque eram tantos perfis com lives sobre temas incríveis, textos que eu salvava para ler depois por falta de tempo, vídeos no youtube que só iam acumulando e cursos online com pessoas que eu super admiro sendo lançados. E tudo acontecendo ao mesmo tempo! Logo me vi presa a tudo isso, e o que eu lia e assistia entrava por um ouvido e acabava saindo pelo outro, porque minha mente estava tão sobrecarregada de informação nova que eu acabava só consumindo sem digerir nada. Era o mesmo sentimento de ter comido quatro fatias de pizza, quando na verdade você sempre come só duas. Seu estômago não entende o que tá acontecendo e você sente que vai explodir a qualquer instante.


Assim minha mente se sentia, até que eu percebi que mesmo seguindo pessoas com conteúdos que tanto gostava e que já haviam me ajudado muito, o que eu na verdade precisava agora era ficar um tempo sem tudo isso e entender e vivenciar o que eu já tinha aprendido com elas anteriormente . E quando eu entendi isso, acabei apagando o aplicativo do meu celular e fiquei sem o instagram por uma semana, como um teste para ver se era isso mesmo. Dito e feito! Ao longo dessa semana eu consegui terminar um livro, dar mais tempo pros meus hobbies, escrever cartões para amigos queridos(que vou enviar via correio), tive um tempo para refletir sobre o que vivi nesse ano, que foi tão intenso pra mim, e também tive mais vontade de sair de casa para passear. Porque mesmo que eu não ficasse muito tempo no instagram, antes desse detox de uma semana, eu sempre me via abrindo ele só pra dar aquela olhadinha nos cinco primeiros posts e nos primeiros stories. Parece bobo, mas isso fazia com que eu deixasse de concluir várias coisas. São pequenos gestos, mas que no fundo formam o macro do seu dia, da sua semana, do seu mês. E quando você vê, o sentimento é de que você não concluiu nada e nem sabe o por quê. Não dizem que os pequenos gestos do dia a dia são os mais importantes? Então, nesse caso é a mesma coisa. Um minuto que você navega no instagram pode tirar o foco de algo muito mais importante pra você, e você nem percebe, porque foi só um minutinho.


Não estou aqui para dizer que você deve fazer detox de instagram e mídias sociais e sim para fazer você começar a reparar se as tarefas que você deixa de fazer no dia a dia tem alguma relação com isso. Mas se no final do dia você tiver a sensação de que comeu a caixa de pizza inteira, eu definitivamente te aconselho a deixar uns dias de lado todos esses conteúdos e dar um foco no que você já aprendeu. O importante é tentar se achar sem se perder no meio do caminho. Porque assim o que te motiva não te deixará com má digestão no fim do dia.

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